ROSA 389 ENTRE TEMPESTADES
Vós que maldizem a vida em vão momento,
Por terem arrancado a unha do dedo,
Por paixões que só podem viver em segredo,
Porque choveu, fez sol ou simplesmente pelo vento.
Que direitos tens de levantar pela vida lamento
Ou fazer julgamentos aos que foram tão cedo?
Deixa a vida acontecer, segura teu medo;
Já estás morrendo a cada grito de tormento.
O tempo é carrasco, e logo de todos se avizinha.
Podes andar perfumado, se escondendo ou torto;
Às vezes, encerra primeiro para quem anda na linha.
Tantas vezes é ilusão a chegada em novo porto,
Quando as verdadeiras dores estão na sacolinha.
A vida é mar extenso e, por cima das águas, não se caminha.