A UM CINZEIRO
Meu bom e indispensável confidente
presente em minha vida, dia a dia,
nas horas de sublime calmaria,
nas horas de silêncio deprimente.
Tantas ideias, tanta poesia,
compartilhei contigo, longamente...
A vida, os sonhos, tudo enfim, que a mente
rebusca na fumaça que anuvia.
Agora, após um áspero pigarro,
observo a extremidade do cigarro
tingir-se, feito pena no tinteiro...
E tu, silencioso sobre a mesa,
segregas essa nítida certeza,
meu velho e aristocrático cinzeiro!