Primavera
O meu amor, vir nesse trem, quem dera?
Esse presente na estação das flores
Se o equinócio traz a primavera
Toda florida em pétalas de amores
É nessa hora que a alma em mim pondera:
Se ando escrevendo versos indolores
Sem os espinhos de uma flor austera
Quem se feriu ao ler meus dissabores?
Por entre rosas, cravos e jasmins
Meus olhos te procuram, na avidez!
Cegos de ver teus lábios carmesins
Crisântemos, tulipas de xaxins
São testemunhas da embriaguez
De imaginar-te a flor dos meus jardins.