Dor genuína
Calar o sofrimento é vã ternura...
Quem nunca viu a dor mais insistente,
Pois sempre sob o riso, de repente,
Revela-se a verdade mais obscura!
Mas eu, que da tristeza sou criatura,
E a alegria me é coisa inexistente,
Se falo do que sinto, infelizmente,
Cabe-me só narrar tal desventura...
Vejo o peso das mágoas, tão vazio,
Vejo em mim o sofrer mais singular,
Recordo o que perdi com tal desvio;
Forçado estou a rir e a lamentar...
Sinto, então, minha vida por um fio,
E sinto-me morrer sem descansar!