Umbral da Saudade
Quantas vezes releio, em pranto e dor,
Cordéis de solidão e um triste adeus,
Enquanto o Sol, com passo calmo e mor,
Se esconde nos sepulcros, longe dos céus.
Oh, chuvas urdem mágoas, tempestade,
Descendo dos meus olhos tão purpúreos,
Tecendo a fria teia da saudade,
De tempos de risos, sonhos tão etéreos.
Nos umbrais do passado, onde outrora,
Desenhavam-se luzes em dança e cor,
Hoje, só restam sombras, frio que chora.
E em meus horizontes, outrora seus,
Sussurram-se adeuses, tão amargos,
Sonhos se esvaem, nada resta dos céus.