Lamparina apagada
Por longos anos, sustentei a chama,
Com versos feitos de um amor sincero,
Mas todo gesto, esforço tão severo,
Se vê minguar na dor que a alma clama.
Porém, que dor se encontra em tal desejo,
De alimentar a luz que ao fim se esvai,
Pois quem devia o lume preservar,
Com águas frias, apaga o que é ensejo.
Ó coração, que tanto já lutou,
E no fervor da fé se consumiu,
Agora cansa, do vigor carece.
Pois cada amor que o tempo sepultou,
Já não se ergue, em pranto se dilui,
E a lamparina, enfim, não resplandece.