O Jardim do Passado
Saudade é um jardim em flor tardia,
Cuja beleza mora no passado,
É o vento que sussurra em agonia,
Lembrando o tempo bom, mas já afastado.
É lágrima que cai em nostalgia,
Um canto em tons de triste e delicado,
Que faz da alma um porto onde se aninha,
A dor de um amor nunca esquecido, amado.
Nos passos do relógio, a melodia
Que toca a cada hora o som calado,
De um coração que vive na agonia,
De ter perdido aquilo que foi sagrado.
Mas a saudade é também poesia,
Que canta em verso o que é imaculado,
Transforma a dor em arte, luz que irradia,
No peito, um fogo eterno e renovado.
Porém, na noite escura, a voz sombria,
Lembra que o tempo é cruel e marcado,
E o que foi doce, em breve se alivia,
Mas deixa o eco de um amor já despregado.
Saudade, és o fardo e a companhia,
A dor que traz um gosto azedado,
Mas és também um farol que guia,
O barco à deriva de um coração cansado.