Soneto de saudade
Saudade é flor que nasce no vazio,
De um tempo que passou sem despedida,
É um vento frio, um leve desvario,
Que faz da alma uma terra desprovida.
Nos olhos brilha o pranto, quase brando,
No peito arde um lume que não finda,
É dor que vai crescendo, se formando,
Em cada noite escura e tão infinda.
Saudade é a voz do tempo que silencia,
Ecoando os momentos, a lembrança,
De um amor que se foi, mas não se esfria.
É a presença da ausência, a esperança,
De que o coração, em sua melodia,
Ainda sinta a vida, e nela, a dança.