Soneto da inquietude

Na alma um turbilhão de pensamentos,

Que voam como aves sem destino,

No peito um mar de sonhos, desalentos,

Que invadem, sem razão, meu desatino.

Em cada passo, um eco de incerteza,

No olhar, um brilho vago e sem razão,

Como um andarilho que, na correnteza,

Busca na vida o que lhe foge em vão.

A mente inquieta, sempre a procurar,

Respostas que se escondem na neblina,

E o coração, cansado de esperar,

Se perde na busca, quase divina.

Mas é na dúvida que o ser se encontra,

E é na inquietude que a alma se apronta.