ROSA 348 PROMETIDA
Seria Deus criança, que gosta de quebrar seu brinquedo.
Se tens domínio, me fizeste conhecer a felicidade.
Que sentido tem a vida, se não posso amar na claridade?
Me condenas às trevas com mandamentos e medo.
És amor, e podes amar tantos; onde está o segredo?
Já eu sou condenado a ser fiel, crueldade.
Mesmo a amarga estrela brilha na raridade,
E, anos-luz, seu raio penetrou meu coração ledo.
Ó Senhor, por que fazes o destino tramar contra mim?
Belo amor, me deste, mas não posso ter nem contemplar,
Pois o pano negro, religião, o veste como burca ao fim.
Dois corações se amam, mas tua lei não nos quer aceitar.
Seria eu Moisés, para transformar as águas amargas em doces, sim,
Mas, como ele, morrerei no deserto, sem a prometida para amar.