DESABAFO DE UM POETA

Não me venham colocar nome de praça,

Não me venham colocar nome de rua.

Por que só depois que morre é que tem graça?

Que reconhecem poeta em terra sua?...

A indiferença vivida ela é tão crua,

É um desprezo ignóbil que não passa;

Por que só depois da morte se atenua?

Que reconhece o poeta — a sua raça?...

Por que tanta ingratidão, indiferença?

Por que esta ignorância, esta descrença,

Ao nirvana que tanto amor encerra?...

Por que — vivo — ele não é valorizado?

Por que só depois de morto é que é lembrado?

Que reconhecem o poeta em sua terra?...

— Antonio Costta