Tradução Lírica do Soneto I de William Shakespeare, por Pedro Debreix
SONETO ORIGINAL:
From fairest creatures we desire increase,
That thereby beauty’s rose might never die,
But as the riper should by time decease,
His tender heir might bear his memory:
But thou, contracted to thine own bright eyes,
Feed’st thy light’s flame with self-substantial fuel,
Making a famine where abundance lies,
Thyself thy foe, to thy sweet self too cruel.
Thou that art now the world’s fresh ornament
And only herald to the gaudy spring,
Within thine own bud buriest thy content
And, tender churl, makest waste in niggarding.
Pity the world, or else this glutton be,
To eat the world’s due, by the grave and thee.
TRADUÇÃO DE PEDRO DEBREIX:
Dos belos desejamos expansão,
Que a rosa da beleza nunca morra,
Mas ao sofrer do tempo a danação,
O seu legado ao justo herdeiro acorra:
Mas tu, centrado no teu próprio olhar,
Inflamas combustível de papel,
Fazendo a própria chama definhar:
Tu, teu rival, contigo és mui cruel!
Podeis ser, hoje, o adorno idolatrado
Do mundo, anunciando a primavera,
Mas logo morrerás – e o teu legado
Contigo sumirá na estratosfera!
Do mundo têm piedade, ou sê guloso
Ao nos privar do brilho teu vistoso.