Um brinde

Um brinde a minha felicidade solitária,

Nesta mesa posta, vejo posto um só lugar,

Como a cova aberta, rasa, surda e ordinária,

Onde eu sou o verme obstinado a degustar.

Sobre ela o cálice de vinho tinto sem gosto,

Traz à memória lembranças de um prato tosco,

À sombra da lápide fria, todo meu desgosto,

Matiz fúnebre como a taça de vidro fosco.

Triste brinde ao desprezo da amarga solidão,

Sobre a névoa da cova fúnebre da verdade,

Onde uma penumbra anuncia a escuridão.

Sobre a espessa areia final de fina ansiedade,

E que toda luz se apague e toda espera finde,

À mesa posta só me resta um último brinde.

JarbasTaboza
Enviado por JarbasTaboza em 20/08/2024
Código do texto: T8133271
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