MELHORES SONETOS

Aqui estão o que considero meus melhores sonetos.

QUEM VIVE NESTE MUNDO SEM AMAR

Quem vive neste mundo sem amar

Não conhece da alegria, o segredo;

É como uma folha seca a vagar

Procurando, sempre em vão, aconchego.

É ser um ser estranho, qual morcego

Que foge com temor a luz do sol,

Sem gozar da beleza em seu enredo

Que aflora sobre a terra, no arrebol.

Não permita, meu Deus, o sacrilégio

De perdermos na vida o privilégio

De vivermos puro amor, de verdade.

Pois quem vive neste mundo sem amar

Como quem não passou — irar passar,

Sem conhecer a veraz felicidade!

NO TEU DOCE BEIJO

Desejo-te tanto, oh flor de ternura,

Que é quase loucura este meu desejo;

Pois quando te vejo contemplo a cura

P’ra toda agrura no teu doce beijo!

No teu doce beijo encontro o remédio

P’ra vencer o tédio e a atroz solidão;

O meu coração, distante de assédio,

Age em intermédio de amor, não paixão!

Porque só o amor sacia o meu ser,

Faz-me entender uma grande verdade,

U’a descoberta maior que o prazer:

Poder pra vencer toda tempestade,

Pois nele encontro razão pra viver

Com companheirismo e com lealdade!

O AMOR QUANDO CHEGA

Ah... o amor quando chega é barulhento!

Acelera o mais calmo o coração;

Traz aroma de rosas pelo vento,

De repente muda o clima, a estação.

Ah... o amor quando chega muda o tempo!

Não importa se é inverno ou verão;

O que importa, em verdade, é o sentimento,

O prazer de está perto, a emoção!...

Pois o amor é o dom mais precioso,

Mais sublime, mais belo e primoroso,

Que Deus fez dentre toda criação!...

O amor quando chega traz alegria,

Traz canção, traz ritmo e poesia!...

Manda embora, de vez, a solidão!

É VOCÊ

É você quem desperta os meus desejos

Nos momentos que estou na solidão,

Quando vem carinhosa com seus beijos

Alegrar o meu pobre coração!...

É você quando vem com seus cortejos,

Com seu abraço pleno de paixão;

É você com suas frases, seus solfejos,

Que, de feliz, me faz sair do chão!

É você quem me dá tanta alegria,

Quem desperta, em meu ser, a poesia,

Quem me faz sentir noutra dimensão!...

É você quem anula a minha dor,

Quem provoca em minha vida mais sabor,

Quem me faz entoar esta canção!...

MULHER VIRTUOSA

"Mulher virtuosa quem achará?

Seu valor muito excede aos de rubis."

A Escritura revela os seus perfis,

Em Provérbios trinta e um ‘scrito está.

Busca lã e busca linho a trabalhar,

Como um navio mercante trás o pão,

Até mesmo à noite ela faz serão

Para todos, da casa, alimentar.

Está sempre disposta, noite e dia,

Cinge os lombos de força, de energia,

Com prazer ajuda ao necessitado...

Só abre sua boca com sabedoria,

O coração do esposo nela confia,

E por causa dela seu nome é honrado.

AURORA

Mor encanto que me encanta

Quando a manhã se levanta

É ver um segredo exposto

Nessa alegria de teu rosto!

É ver acesa essa chama

Que em todo meu ser flameja,

É sentir que você me ama

Quando a sua boca me beija!

É sentir quando amanhece

Que u’a luz em mim aparece,

Também outra de ti emana.

É sentir, por toda hora,

Que a vida é como uma aurora...

Toda vez que a gente se ama!

ORAÇÃO DO POETA

Ilumina meus versos, meu Senhor.

Fá-los de tochas ante a escuridão,

Refletindo, pro mundo, o teu amor,

Tua misericórdia e teu perdão.

Ilumina meus versos, meu Senhor.

Concedendo-me a tua inspiração,

Pra falar, com ousadia e com vigor,

Da tua maravilhosa redenção.

Ajuda-me a refletir a esperança

Para o idoso, o jovem e a criança,

Que só vivem da vida o desamor...

A pregar que Jesus é a Salvação,

Durante a minha vida neste chão,

Ilumina meus versos, meu Senhor!

NAS ÁGUAS DA POESIA

Nas águas da poesia

Tenho a sede saciada,

Dia e noite, noite e dia,

De manhã, de madrugada.

Nas águas da poesia

Eu não temo a enxurrada.

Chove chuva de alegria...

Chove lágrima chorada!

Nas águas da poesia

Não pego pneumonia,

Nem mesmo constipação...

Nas chuvas densas ou finas,

Nas cachoeiras das rimas

Eu lavo meu coração!

A VOZ DA POESIA

Não sei por que razão a nostalgia

Insiste bater palma em minha porta,

Quando o sol os meus olhos alumia,

Despertando u’a lembrança quase morta.

Não sei por que razão uma alegria

Inda traz um sorriso à boca torta;

Quando vejo na manhã do novo dia

Um fio de esperança que conforta.

De repente minha alma fica pasma,

Quem bateu em minha porta? um fantasma

Ou o vento passageiro, sem resposta?...

Então ouço uma voz, em melodia,

Falando na brisa do novo dia:

"Sou eu — a Poesia — Antonio Costta!"

PARA QUE SERVE A POESIA?

“Pra que serve a poesia nest’ mundo?”

— Perguntou-me, certo dia, a descrença,

Para qual deferi minha sentença:

Para se falar de amor mais profundo.

Também serve pra suportar o mundo,

Suas dores, a sua indiferença.

É mister nest’ vida a sua presença,

Um bálsamo p’ro mundo moribundo.

Poesia é salutar todo tempo,

Melhor forma de expressar sentimento:

Um amor, um desejo, uma emoção...

Pois quando se escreve de modo glacio,

A poesia é o canal mais fácil

Pra se falar profundo ao coração!

FINGIR EU NÃO VOU

Fingir, eu não vou,

Ser puro, ser santo;

Serei quem eu sou

No verso que canto.

Fingir, eu não vou,

Pra ter acalanto;

Rir sem alegria,

Chorar sem ter pranto.

No mundo que vivo,

Verdade cativo,

Com todo penhor.

Jamais quando escrevo

Procuro, me atrevo,

Ser um fingidor.

SER POETA NA VIDA

Vai, meu filho, ser poeta na vida!

Falou-me meu pai com brilho no olhar.

Depois uma lágrima eu vi rolar

Pela fronte serena. Envelhecida.

Meu pai que me dera amor e guarida

E que me ensinou a andar e falar,

Também pretendia me ensinar a voar

Pra desfrutar dos prazeres da lida!

Mas de uma coisa meu pai se esqueceu,

Foi de avisar-me que este mundo é ateu,

-Que em nossos sonhos, jamais acredita...

Todavia meu pai, sempre confiante,

Incentivava-me por todo instante...

-Vai, meu filho, ser poeta na vida!

O AMOR DE MÃE

Somente o amor de mãe é comparado

Ao grande amor de Deus, entre os mortais;

Nenhum outro amor do mundo é capaz

De lembrar o seu amor imensurado!

Pois somente o amor de mãe é apurado

Co’os mais belos sentimentos divinais;

Quis Deus nos sentimentos maternais

Transluzir seu amor, humanizado.

É que só o amor de mãe permanece

Imutável, mesmo quando a cria cresce

E envelhece a trilhar o seu caminho...

O amor de uma mãe é extraordinário!

Não existe no mundo mor salário

Que pague amor igual, com seu carinho!

RECORDAÇÕES DA INFÂNCIA

Buscar água, escanchado num jumento,

Conduzindo incuretas nos cambitos;

Ouvindo o som das vacas, dos cabritos,

Dos nhambus que ecoavam pelo vento!...

Elegias que guardo em pensamento:

Ouvir a minha avó cantar benditos,

Ouvir, de meu avô, antigos ditos,

Anedotas e histórias de relento...

Fisgar peixes no açude ou lá no rio,

Tomar banho de chuva, sem ter frio.

Emoção que inda guardo. Indescritível...

Comer jaca no pé, manga e cajá,

Na fogueira assar milho com sinhá...

— Minha infância assim foi inesquecível!

AVENTURAS DA INFÂNCIA

Eu saía pela Chã de Areia afora

Procurando um troféu, uma colmeia,

Não faltava uma aventura, uma ideia,

Na minha infância que relembro agora.

Pescar de jereré a qualquer hora,

Pegar um passarinho de alçapão;

Fazer de tábua e lata um caminhão,

Um carrinho de corrida e ir embora!

Tomar banho de rio e de cascata,

Ir caçar passarinho pela mata:

Armando uma arapuca pro nambu.

Fazer tudo que desse em nossa telha,

Esfumaçar a casa das abelhas

Pra colher o puro mel de uruçu!

NO CHÃO DA SAUDADE

Prossigo sereno revendo a história

No vasto terreno do chão da memória.

Tão cheio de grude, brincando no chão

De bola de gude, carrinho e pião.

Lá pego canário com meu alçapão,

Lá pesco piaba com meu jereré;

Facheio rolinha com meu lampião

E brinco de bola imitando Pelé!...

Lá faço brinquedos de tábua, de lata,

E sei tirar mel de abelha na mata!

Sou bem mais feliz — não posso negar...

Onde fica esse chão? em que tempo? espaço?

No chão da memória me perco e me acho...

— Chão da saudade da velha Pilar!...

AULA INAUGURAL

A minha primeira fala

É plena de confiança,

Uma soma de esperança

Eu contemplo nesta sala!

Pois em cada aluno eu vejo

Uma vontade aguerrida

De ser vencedor na vida,

De conquistar seu desejo!

E aqui me alio e proponho,

Sonharmos o mesmo sonho,

Seguirmos a mesma meta.

Dia a dia, mês a mês,

Eu ensinando a vocês,

E vocês... a este poeta!

SE AS PEDRAS FOSSEM FLORES

Mas já pensou se as pedras fossem flores?

Que alegria seria ser apedrejado!

Chamaríamos, por certo, de amores

Todos que pedras têm nos atirado!

Mas já pensou se as pedras fossem flores?

Como o caminho seria perfumado!

Lindo jardim, repleto de primores,

Com flores surgindo por todo lado!...

Que pena que as pedras flores não são!

E piores são as da ingratidão

Quando acertam, pelas costas, nosso ser!...

Ficamos, de tal forma, estarrecidos

Que tardamos nos dar por convencidos

E a ninguém desejamos convencer!...

NA PAISAGEM QUE PINTO DO SERTÃO

Que haja bois, que haja vacas e alazão

Na paisagem rural que pinto agora;

E um vaqueiro destemido co’ espora,

Com chapéu, com colete e com gibão!

Que haja chuva revigorando o chão

E também um conforto pra quem chora

A saudade do amor que foi embora,

Outorgando, de herança, a solidão!

Que a 'sperança que anima e que consola

Ela floresça ao som de uma viola,

Inspirando um repente, uma canção....

E que haja compromisso dos doutores,

Políticos não sejam enganadores,

Na paisagem que pinto do sertão!

A REALIZAÇÃO DO POETA

Quando os versos escritos do poeta,

Num momento de alegria ou de dor,

Unirem-se com a alma do leitor

A poesia, então, ‘stará completa.

Quando os versos escritos do profeta

Que anuncia para o mundo mais amor,

Forem lidos como cheiram uma flor,

Teremos, pois, cumprido a nossa meta.

Ah!... quando os versos plenos de ideais

Provocarem no mundo amor e paz,

Cumprirão, totalmente, seu destino...

De ecoar em prol do bem, contra o mal,

Como um cântico em marcha triunfal

Que se fez retumbante como um hino!

A INGRATIDÃO DA HUMANIDADE

A ingratidão, meu Deus, esta pantera

Que habita o coração da humanidade,

Ignorando o amor e tua bondade,

Chamando-te até mesmo de quimera!

A ingratidão, meu Deus, no mundo impera.

Fazer o bem parece iniquidade!

O agradecimento é leviandade,

Sempre da parte de quem não se espera!...

É contumaz, meu Deus, homens ingratos,

Comer teu pão, depois cuspir nos pratos,

Ignorando o amor com que fizeste!...

E se lhes pede comida, um faminto,

Ignoram o pobre no recinto,

Negando repartir do que lhes deste!...

MAS QUE COISA!

A gente pensa que uma coisa é uma coisa

E nessa coisa pomos nossa fé,

Mas nem sempre uma coisa é uma coisa

Como a gente pensa que a coisa é!

Pensa que uma coisa é uma coisa e até

Pomos nossos sonhos sobre a sua lousa,

Mas de repente ela vira outra coisa

E a gente, pra escapar, dá marcha ré!

Mas que coisa é essa coisa? Será coisa

Que a gente compreendê-la jamais ousa

Ou será como um simples busca-pé?...

Essa coisa não é coisa marciana,

Sim, essa coisa é a natureza humana,

Imperfeita e imprevisível como é!...

NÃO CONTO DA MINHA CONTA

Não conto da minha conta,

Da conta que tem desconto,

Da conta que tem dez contos?

Da conta que eu não conto.

Quem tudo o que sabe conta,

Conta de tudo que sabe,

O povo faz logo a conta

Da conta que não lhe cabe!

Por isso não digo a conta

Ao mundo de faz de conta,

Da conta do meu vintém...

E se aos outros não dou conta

Da soma da minha conta,

Isso é da conta de quem?...

JÁ CORRI ATRÁS DE FAMA

Já corri atrás de fama

Qual fosse um desesperado,

A minha atitude insana

Hoje lembro envergonhado.

Já corri atrás de fama

Querendo ser consagrado,

Que atitude mais profana,

Tanto tempo em vão gastado!

Hoje entendo, qual nirvana,

Que tolice, oh Deus, a fama!

Sem paz, sem amor, sem luz...

Hoje vejo o que completa

A vida deste poeta

É a presença de Jesus!

PERDI O MEDO DA VIDA

No mundo é grande a ilusão,

Na vida reina a vaidade,

É falsa a felicidade

Comprada aqui neste chão!

Quem tem não tem mais razão,

Aonde que anda a verdade?

No mundo de falsidade

Só Cristo tem salvação!

E nessa guerra renhida

Perdi o medo da vida,

Pois Vida Eterna encontrei.

Não sou valente nem forte,

Mas perdi o medo da morte

Quando a Jesus me entreguei!

PEDRAS TALHADAS

Somos pedras trabalhadas

Pela chuva e pelo vento?

Qual lâmina deste tempo

Talhou-nos, na empreitada?

Somos pedras trabalhadas,

Num processo rude, lento,

Nas formas do sentimento,

Co’as imperfeições moldadas.

Com seus cortes, tão terríveis,

Qual artífice? Qual ourives

Deu-nos outra dimensão?...

Quem nos cortou, tão profundo,

Da grande pedra do mundo?...

— Foi a mão de Deus. Sua mão!

CANTO AQUI NESTE RECANTO

Canto aqui neste recanto

Os versos do meu cantar.

Eu não canto em todo canto

O que canto neste lugar.

Canto aqui neste recanto

Os sonhos de meu sonhar;

A fé que gera meu canto,

Que me motiva lutar.

Canto aqui as minhas dores,

Poemas pr'os meus amores

E sonhos a conquistar!...

Sim, canto aqui porque a vida,

Quer seja dócil, renhida,

Foi feita para cantar!

O CANTO DO POETA

Ao poeta Ronaldo da Cunha Lima (in memoriam)

O seu canto de amor comprometido

Foi ouvido por toda a região,

Simbiose do verso e da canção,

Na lira do poeta destemido.

O seu canto de amor foi respondido,

Não foi eco perdido, não foi vão;

Foi símbolo, foi bandeira e brasão,

Em defesa de um povo oprimido.

Das terras do sertão a João Pessoa

O seu canto de amor ainda ecoa,

Tornando-se mais forte e mais fraterno.

Povoando de amor a natureza,

O seu canto, poeta, com certeza,

Foi real, foi sublime e é eterno!

ÁGUAS DA POESIA

(A minha terra, Pilar)

Já procurei te esquecer,

Mudar de assunto, evitar,

Pra não estar te lembrando

Quando de amor vou falar.

Mas as águas da poesia,

Onde vivo a navegar,

São como as do Paraíba:

Têm que passar por Pilar!

Têm que passar sussurrando,

Têm que passar desejando,

Querendo te conquistar...

Mesmo quando, em desatino,

Numa enchente do destino,

Seguem soltas para o mar!

INVASÃO DA SAUDADE

De repente uma sensação estranha

Como se alguém tivesse me invadido,

Trazendo à tona teias de aranha

De meu passado quase que esquecido...

Um vulto vago, de visão tamanha,

Qual vídeo vasto do que hei vivido,

Avoca o meu avô, que me acompanha

Nas sendas do que fui sem ser crescido.

Por que, somente agora, essas lembranças?

As cenas do meu tempo de criança

Retiradas do templo da memória...

Por que me constrangeu saudade tanta,

De uma cantiga que não mais se canta,

De meu passado que virou história?

AVENTURAS DA INFÂNCIA

Eu saía pela Chã de Areia afora

Procurando um troféu, uma colmeia,

Não faltava uma aventura, uma ideia,

Na minha infância que relembro agora.

Pescar de jereré a qualquer hora,

Pegar um passarinho de alçapão;

Fazer de tábua e lata um caminhão,

Um carrinho de corrida e ir embora!

Tomar banho de rio e de cascata,

Ir caçar passarinho pela mata:

Armando uma arapuca pro nambu.

Fazer tudo que desse em nossa telha,

Esfumaçar a casa das abelhas

Pra colher o puro mel de uruçu!

O SABOR DA MINHA TERRA

Gosto de caldo de cana madura,

Gosto também de feijão com farinha;

Quem nunca comeu uma rapadura

Não sabe o sabor da minha terrinha!

Gosto de comer, com nambu e rolinha,

Inhame, batata, fava, macaxeira;

Quem nunca comeu picado na feira,

Não sabe o sabor da minha terrinha.

Buchada de bode? – deixa-me louco!

Quem nunca provou traíra de coco,

Mocotó de boi, pirão de galinha...

Não sabe o sabor, não sabe o segredo,

Da terra natal de Zé Lins do Rego...

-O grande sabor da minha terrinha!

CONSELHOS DE PAI

Vai, meu filho, ser poeta na vida,

Ser condensador de grande emoção.

Que importa se o mundo é luta renhida,

É guerra travada dentro do coração?

Vai, meu filho, ser poeta na vida,

Fazendo teus versos, sem pretensão;

Mas quem sabe um dia, na aurora incontida,

Como um sol a brilhar - resplandecerão!

Vai em frente, na vida que te espera!

Mesmo que mostre as fauces de pantera,

Longe de ser um jardim a florir...

Que importa, meu filho? – Confia em Deus!

Guarda em teu peito esses conselhos meus...

O bom da vida ainda está por vir!

SONETO DO PASSARINHO

Como é belo um pássaro em liberdade

Voando pelos campos bem cedinho,

Ou no galho d’árvore fazendo um ninho,

Cantando de tanta felicidade!...

Como é belo o gozar da liberdade!

E como é triste o mesmo passarinho

Numa gaiola longe do seu ninho

Cantando só por causa da saudade!

Mas o homem ao perder a liberdade

Não suporta a grande fatalidade

E contrata logo um bom advogado!...

Porém se ele for pobre, pobrezinho...

Como aquele coitado passarinho

Passará a vida inteira engaiolado!

DE VOLTA AO PARQUE

Menino que brinca, que faz seu festim

Na roda gigante, trenzinho, canoa,

Oh como desejo essa vida tão boa,

No Parque da Vida, distante de mim!

Na noite de festa, de gritos sem fim,

Oh criança que brinca sorrindo à toa,

Feliz passarinho que canta e que voa,

Confesso eu queria viver sempre assim!

Mas o tempo passou, com velocidade,

Causando mudança na realidade,

Agora é família para sustentar...

E como não posso voltar ao passado,

Eu levo meus filhos para parque ao lado

E, junto aos meninos, retorno a brincar!

NO MEIO DO CAMINHO

No meio do caminho havia uma flor,

Havia uma flor, no meio do caminho.

Somente o poeta é que viu essa flor,

As outras pessoas só viram o espinho.

Somente o poeta pensou no amor

Quando viu a flor no meio do caminho.

As outras pessoas pensaram na dor

Que vinha da flor, por conta do espinho!

Somente o poeta esqueceu o queixume,

E, com todo prazer, sentiu seu perfume,

Depois a beijou. Esplêndida, concreta...

No mei’ do caminho não tinha só ‘spinho,

Não tinha só ‘spinho, no mei’ do caminho...

Também tinha uma flor e tinha um poeta!

O DIA MAIS FELIZ DE MINHA VIDA

Eu queria, entre muitos, nesta hora,

Ter o dom da palavra, ser poeta,

Pra te dizer, minha filha, que agora

A vida de teu pai está completa.

Queria me valer da voz do esteta,

Ter o verso e a rima mais sonora,

Pra contar que atingi a minha meta...

Que feliz, para casa, vou embora.

Pois os passos que dei rumo ao altar,

Sorrindo e com vontade de chorar,

Levando-te aos braços d’outro alguém...

Foram os mais felizes de minha vida!

Entregando-te, às mãos, filha querida,

Do jovem que te ama e te quer bem.

SONETO DA RECONCILIAÇÃO

(Paródia do “Soneto da Separação” do poeta Vinicius de Morais)

De repente do pranto fez-se o riso

Alegre e radiante qual lampejo;

Das bocas separadas fez-se o beijo,

Do beijo fez-se tudo que preciso...

De repente do vento fez-se a calma

Que acendeu em nós uma nova chama

E o amor reacendeu em nossa alma

A paz que exterminou o nosso drama.

De repente, meu bem, tão de repente,

Fez-se de certo o que se fez errante

E de presente o que se fez ausente.

Fez-se de próximo o que era distante

Fez-se da vida, apaixonada, amante,

De repente, meu bem, tão de repente!

RIO APRESSADO

Oh rio apressado

Querendo chegar,

Pra que tanta pressa

Se corres pro mar?

Há tanta beleza

Pra se contemplar,

Como a natureza

Na margem a brotar.

Oh, rio da vida,

Qual o Paraíba

Por mim a passar!

Pra que tanta pressa

Se ainda nos resta

Razão para amar?

QUE FAZES DE TEUS VERSOS, Ó POETA?

(Interagindo com o poeta Herculano Alencar)

Que fazes de teus versos, ó poeta,

Pra serem impregnados de beleza?

Coloridos com a cor da natureza,

De poesia singular e mais concreta.

Que fazes de teus versos, ó poeta,

Espontâneo, mas de grande erudição?

Que parece a sinfonia da canção

mais bem aventurada e mais completa.

Muitas vezes guiado pela dor,

Onde encontras encantos de uma flor

Pra compor belos versos de paixão?

"-Eu finjo que enxergo o que não vejo,

Acendo a lanterna do desejo

E assim posso enxergar na escuridão."

A MAIOR PROVA DO AMOR DE DEUS

“Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito,

para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” (Jo 3:16)

Contemplando o mundo dos altos céus,

Viu Deus a humanidade corrompida;

Viu o homem destruindo a própria vida!

Violento, fornicário, tão ateu!...

Então Deus se levantou em plensua glória

E resolveu participar dessa guerra,

Enviando-nos Seu Filho aqui pra terra

Modificando pra sempre a nossa história!

Pois somente Jesus Cristo, o Filho Amado,

É quem podia combater nosso pecado

Com Seu sangue derramado lá na cruz.

Esta foi a maior prova que tivemos

De amor do Pai Eterno, pois sabemos

Que merecíamos morrer – não Jesus!

ALIANÇA COM DEUS

A aliança que tinha sido quebrada

Entre Deus e a humanidade ruim

Através de Adão e Eva no “jardim”

Foi um dia em Jesus Cristo restaurada!

Pois Jesus veio cumprir o plano de Deus

De resgatar o homem da perdição;

Pois todo aquele que crê tem o perdão,

O pleno direito de ir morar nos céus!

Basta receber Jesus como Senhor,

O Único suficiente Salvador,

Abrindo-Lhe o coração pra Ele entrar!...

Não precisamos temer morte nem cruz

“Pois aquele que crê em mim” –disse Jesus–

“Ainda que esteja morto viverá”!

UM MILAGRE

“Pois não tinham compreendido o milagre dos pães,

antes o seu coração estava endurecido. (Mc 6:52)

Um milagre acontece em minha vida

Todo dia quando acordo e, profundo,

Contemplo a terra, o mar, o céu, o mundo,

A luz do sol nas águas refletida!...

Um milagre acontece em minha vida

Quando escuto do vento os cantarilhos

Da minha esposa, o riso dos meus filhos,

Quando a minha família vejo unida!...

Eu só tenho, Senhor, que te louvar

Pelas bênçãos que estás a derramar,

Dando-nos saúde, força e guarida...

Pois toda vez que vejo o pão na mesa,

A família presente... -Que beleza!

Um milagre acontece em minha vida!

EM DEFESA DO AMOR

Sairei pelo mundo em defesa do amor

A pregar Jesus Cristo como Salvador;

A mostrar que o perdão é que cura o rancor...

Sairei pelo mundo em defesa do amor.

Não importa me vejam como um sonhador,

Nem dêem à Palavra o devido valor.

Quer seja pregando ou cantando louvor,

Sairei pelo mundo em defesa do amor!

Direi da Verdade, da Paz, do Perdão;

Do amor fraternal, do amor de cristão,

Neste mundo hodierno de tanto terror...

Ao homem perdido mostrarei “O Caminho”;

A quem vê só espinho darei uma flor...

Sairei pelo mundo em defesa do amor!

CONSELHOS

“Ninguém que milita se embaraça com negócios desta vida,

a fim de agradar àquele que o alistou para a guerra.” (2 Timóteo 2:4)

Prepare-se nesta vida, meu irmão.

Vá ao Pai com o melhor que você tem;

Dê glórias ao Senhor e diga amém!

Pois está em Jesus a salvação.

Não guarde o ódio no seu coração

Nem se dê ao pecado mais banal;

Siga a Jesus e abandone o mal

E a todos concede o seu perdão!

Quem semeia a palavra da verdade!

Haverá de colher felicidade,

Do Senhor recebendo o galardão!...

Não se embarace em busca de troféu.

Pra não perder o teu lugar no Céu,

Glorifique o grande Deus de Abraão!

SOLIDARIEDADE

Há tanta gente carente pela rua,

Tanta gente mendigando o próprio pão...

Não viva só de glória a Deus e aleluia:

De que vale a oração sem a “ação”?

Há tanta gente dormindo no sereno

Necessitando de agasalho e colchão;

Há tantos órfãos, também tantas viúvas...

Meu amado sinta a dor do teu irmão!

Glorifique do Senhor Seu santo nome,

Dê mais carinho, dê pão a quem tem fome

Que terás a recompensa lá no fim.

Foi Jesus Cristo quem deixou este ensino:

Quem ajudar a um desses pequeninos

Em verdade está fazendo para mim!

CIDADÃO DO CÉU

“Contudo, não vos alegreis porque se vos submetem os espíritos;

alegrai-vos antes por estarem os vossos nomes escritos nos céus.” (Lucas 10:20)

Muitíssimo melhor que ser famoso,

Do que ser magnata e poderoso,

Da glória de exibir vários troféus,

É transformar-se em Cidadão dos Céus!

É bênção que supera honras da terra:

Ser atleta do Século, Herói de Guerra!

O Melhor do Ano, Cidadão Honorário,

Pois nada trazem de extraordinário.

Melhor é a certeza da vitória:

Que a passagem pro Reino da Glória

Está por Jesus Cristo garantida!

Melhor que as honras do Prêmio Nobel,

É ter direito à acessão ao Céu,

É ter seu nome no Livro da Vida!

A SAGRADA ESCRITURA

“Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar,

para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça;” (2 Timóteo 3:16)

Se queres ter o tanto que te agrade,

Ser um sábio, alcançar grande cultura,

Lê, diariamente, a Sagrada Escritura,

Senso de paz, amor, felicidade!

Se os teus filhos queres educar

Para te dar prazer, sem amargura,

Lê, diariamente, a Sagrada Escritura,

Ela te mostra onde se deve andar.

Se queres que no mundo sobressaia

Justiça Divina, como um atalaia,

Prega ser Jesus Cristo o Salvador!

Pois todo aquele que na Palavra crê,

Será regenerado em Seu poder,

Semeará, em vez de ódio, o AMOR!

SONETO PARA A MOCIDADE

Oh, como é belo o esplendor da mocidade,

Que caminha radiante mundo afora!

Sem pensar que a juventude vai embora,

Que dela vamos, em breve, ter saudade!

Voltai-vos para o Senhor – oh mocidade!

Pois nesta vida nem tudo há de ser flores,

Tem espinhos espalhando tantas dores

Na estrada estreita da felicidade.

Sim, a vida é como água que evapora!

Nascemos ontem, somos jovens agora,

E a velhice nos aguarda na esquina...

Atentai, oh mocidade, pra tudo isto!

A melhor parte é servir a Jesus Cristo

Enquanto a vida ela é bela e cristalina.

NEM TUDO QUE RELUZ É OURO OU PRATA

Nem tudo nesta vida nos convém,

Paulo escreve deixando bem explícito:

“Tudo é bom, mas nem tudo nos é lícito”,

Provai tudo, mas só retende o bem!

Precisamos enxergar mais além,

Há espinhos nas flores do jardim;

O mundo se camufla para mim...

Porque nem todo abraço amor contém!

Preciso de Jesus na minha vida,

Pois o caminho é estreito e tem subida,

E não posso abandonar minha cruz...

Pois a vida a cada dia nos retrata:

Nem tudo que reluz é ouro ou prata...

Só existe uma esperança: é JESUS!

O EXEMPLO DA FORMIGA

Trabalha a formiga durante o verão,

Tão pequenina, mas tão inteligente;

No corte das folhas, não fica demente,

Não perde seu tempo com conversação!

Trabalha a formiga, com dedicação,

Para que no inverno não morra de fome;

Por isso que dela o modelo se tome:

Quem cuida da lida não lhe falta o pão.

De Deus vem o dito pro homem ocioso:

“Vai ter com a formiga seu preguiçoso,

Contempla-lhe a trilha traçada no chão”.

Pra que não pereças da fome inimiga,

Repara no rito da sábia formiga

Que tira da terra a sua provisão!

SOMENTE UM VERSO

“De tudo ao meu amor serei atento”,

Oh como eu gostaria de ter escrito

Esse verso antológico e bendito

Que o poeta escreveu em doce alento.

“De tudo ao meu amor serei atento”,

Não queria outro verso mais bonito

Pra cantar nosso amor, com infinito,

Inefável e vero sentimento.

Pois toda vez que leio esse verso

A minha alma se alegra no universo,

Desejando-te amar cada vez mais...

Só esse verso que não fiz — lamento —

“De tudo ao meu amor serei atento”,

Do poeta Vinícius de Moraes!