RI

Quero, nesta segunda meio sem lei,

ri, simplesmente ri, e, no riso parco

mirar a minha flecha com meu arco

bem na fuça de quem? Ainda não sei!

— De quem, talvez, esteja com o rei

na barriga, se achando um grande marco,

se enlameando em pútrido charco,

nesse constrangimento em meio à grei.

Mas calo este meu riso tão sagaz,

escondo, nesta manga, mais um às,

pra mostrar, na hora certa, sobre a mesa!

Rio, e com meu riso, espanto essa tristeza

que estava a consumir-me, na certeza

de que quem ri, afugenta certos ais!

Miguel de Souza
Enviado por Miguel de Souza em 17/08/2024
Reeditado em 17/08/2024
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