O anjo que roubou meu coração
O anjo, que roubou meu coração,
Morava num quintal vizinho ao meu.
Em um jardim bem onde floresceu
A rosa do amor inda botão.
Toda tarde ficava no portão,
Até o sol deitar-se no poente.
Assim, seguia a vida alegremente,
Até sentir as dores da paixão.
E eu, que era simples trovador,
Vivia a contemplar o sol se pôr,
No espelho da luz do seu olhar.
Seu nome, bem me lembro, era Sofia!
O anjo, que por pura teimosia,
Roubou meu coração ou vai roubar.
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NAMORADA
Solano Brum
Eu fiz de contas... Pensei que amava
E meu amor transcendia limitações!
Sobre o muro, enamorado, espiava...
Via flores em quaisquer das estações!
Um dia, acordei em meio as tentações...
O corpo frágil, imberbe, demonstrava
- Sem que eu percebesse - Inovações
Que, pelo pudor, pouco se comentava!
Obedecendo - Àquela época, - A libido,
Por muito tempo, olhei o lado proibido,
Sem jamais lhe revelar minha paixão!
Por tanto olhar, já me sentia o dono
De quem, a noite, a burlar meu sono,
Levava-me aos deleites da fascinação!