ROSA 330

Restou do meu labor e mocidade,

Um casebre e uma camisa puída,

O polegar manchado, na escrita erguida,

Na memória os sonhos de prosperidade.

Por anos a fio, serviço sem piedade,

Porém, os amores foram a partida,

Honesto e laborioso, minha medida,

Perdi os laços na árdua caminhagem.

Hoje vejo distante o arrependimento,

Dos corações que deixei para trás no avanço,

Mas não há mais volta, meu triste momento.

No final da vida, faço meu balanço,

Para quem era livre como o vento,

Agora, amarga sem saúde ou descanso.