Eu era bom com as pessoas, agora não sou,
Fechei meu peito em muralhas de concreto,
Um dia fui um livro aberto, um afeto,
Hoje, o silêncio é o único que restou.
Nas reuniões não entro mais com fervor,
A esperança, em mim, há muito se quebrou,
O otimismo, frágil, se desbotou,
Diante do mundo, do seu injusto horror.
Vitórias comemoro em mudo canto,
Isolo-me, fones bloqueiam o mundo,
Melhor é construir meu próprio espanto.
Não deixo que vejam o meu lado fundo,
No drama, encontrei um estranho encanto,
Na solidão, meu abrigo mais profundo.