O entediado

Achei-me um dia num promontório sentado.

O esplendor da Urbe longínquo brilhava.

A sombra de Helena ante mim flutuava

Qual incômodo fantasma do passado.

“Um mundo novo espera a nós dois, meu amado!”,

A Tentadora assim na visão me falava

Enquanto um níveo dedo à Urbe apontava.

“Só basta que o queiras, e hás de ser coroado

Deus e Imperador – vem! Tome minha mão!”

“Vai-te”, com fastio respondi-lhe enfim,

E dissipou-se, a sibilar, a aparição.

Um último lampejo diante de mim

A insistir cintilou; dei-lhe um repelão

E bocejei, acometido pelo spleen.

Galaktion Eshmakishvili
Enviado por Galaktion Eshmakishvili em 10/08/2024
Reeditado em 11/08/2024
Código do texto: T8125983
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