O entediado
Achei-me um dia num promontório sentado.
O esplendor da Urbe longínquo brilhava.
A sombra de Helena ante mim flutuava
Qual incômodo fantasma do passado.
“Um mundo novo espera a nós dois, meu amado!”,
A Tentadora assim na visão me falava
Enquanto um níveo dedo à Urbe apontava.
“Só basta que o queiras, e hás de ser coroado
Deus e Imperador – vem! Tome minha mão!”
“Vai-te”, com fastio respondi-lhe enfim,
E dissipou-se, a sibilar, a aparição.
Um último lampejo diante de mim
A insistir cintilou; dei-lhe um repelão
E bocejei, acometido pelo spleen.