ROSAS 308, 309 e 310

ROSA 308

No Éden, Adão à Eva lançou a culpa,

"Foi ela quem do fruto me fez comer!"

Eva, por sua vez, à serpente apulha,

"Foi ela, a enganadora, a fazer!"

A serpente ri, astuta em seu plano,

"Não sou eu quem decide o que é o bem,

O livre-arbítrio é do homem insano,

Escolhas feitas, o erro é de alguém."

Assim, na história, a culpa se tece,

Cada um fugindo de seu destino,

O peso do ato, ninguém não merece.

Mas a verdade, em sombra, fica a brilhar,

Culpar o outro é só um desatino,

E a responsabilidade, a nos guiar.

ROSA 309

Tanto tenho vontade de dizer,

"Eu te amo", mas seguro me contenho.

A responsabilidade, eu bem empenho,

que vem com essa palavra no arder.

Por que será que sinto assim?

Será que a sensibilidade nos envolve?

Mesmo sem nos conhecer, resolve

meu coração falar-te enfim.

És uma deusa em alto pedestal,

um altar distante onde te adoro.

Meu amor por ti é sincero e leal,

ainda que distante, eu te imploro.

E assim, guardo em mim esse sentimento,

que cresce e floresce a cada momento.

ROSA 400

Nos mitos populares, a crendice,

Um algodão na testa, diz-se eficaz,

Pra fazer o soluço ter cesse.

Dar um susto, a solução audaz.

Mas quem semeia um pé de pinhão,

Em frente à casa, fé no coração,

Evita que a sorte se desvaneça,

Em tradições, a vida se tece.

Não se deve varrer pela porta,

Nem com os pés voltados pra passagem,

Pois há quem diga que a sorte importa,

Acreditar é parte da viagem.

Essas crenças, tão simples e profundas,

Nos ligam à vida em suas ondas.