SONETO IX

SONETO IX

No compasso incônscio da hora morta,

Afinado em torto diapasão,

Seguindo o destino dos que ainda são,

Deixando para a morte a eterna cota.

Na partitura da vida vão as notas,

Dores e problemas em seu refrão,

Concluem a famigerada ilação,

Em dissonâncias e escolhas ignotas!

A alma quebra a métrica temporal...

Ser dividido em multiplicação,

Vive-se o local real e o irreal local.

Conservando a divina tradição

Que nos afana um tempo sem igual:

Ritmo sem tempo, bate o coração.

(Ricardo Gomes)