IDÍLIOS INSEPULTOS
O cheiro no lençol, dilacerante,
aviva minha angústia e, desta espada,
recebo o gume, lembro o rude instante
em que a expressão luzente foi levada.
As dores não permitem que eu levante
o olhar porque, na imensa madrugada,
nem mesmo a lua ampara o delirante,
perdida na cortina esfumaçada.
O coração, recluso numa cela,
definha frente à mágoa que flagela
o sonhador que um passo a mais recusa.
Agora tenho apenas companhia
de idílios insepultos, agonia
e do perfume forte, minha musa...