DESCARTÁVEIS

Para Antônia Ferreira de Souza, in memoriam

Nós somos descartáveis, isso é fato.

Nosso prazo de validade vence.

E ninguém, neste mundo, me convence

que o que digo, neste soneto, é boato.

O pacífico ou o que faz desacato.

O do bem ou o que ao mal também pertence.

O que tem nexo ou quem é nonsense.

O mal criado ou quem é de fino trato.

Todos senhores, sem exceção alguma,

são descartáveis. Um dia vai ao lixo

essa matéria sobre a fria terra.

A da minha irmã foi apenas mais uma...

Na terra, abre-se uma fenda, um nicho

onde, a matéria, o frio coveiro enterra.

Miguel de Souza
Enviado por Miguel de Souza em 04/08/2024
Reeditado em 04/08/2024
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