DESCARTÁVEIS
Para Antônia Ferreira de Souza, in memoriam
Nós somos descartáveis, isso é fato.
Nosso prazo de validade vence.
E ninguém, neste mundo, me convence
que o que digo, neste soneto, é boato.
O pacífico ou o que faz desacato.
O do bem ou o que ao mal também pertence.
O que tem nexo ou quem é nonsense.
O mal criado ou quem é de fino trato.
Todos senhores, sem exceção alguma,
são descartáveis. Um dia vai ao lixo
essa matéria sobre a fria terra.
A da minha irmã foi apenas mais uma...
Na terra, abre-se uma fenda, um nicho
onde, a matéria, o frio coveiro enterra.