Efemeridade

Etéreas flores, tantas, delicadas,

eclodem na paisagem matutina;

o cor-de-rosa pende das floradas,

numa fartura tal que nos fascina.

Renovam-se os ipês, e a audaz rotina

dá novo elã às frias alvoradas.

Na dúvida da noite, então, germina

toda a certeza de eras já passadas.

As flores incontáveis, às centenas,

silenciosas asas de falenas,

riscam em tons de rosa o céu e o chão.

E em sua morte lembram-nos que a vida

será memória cedo esmaecida

e os sonhos, feito as flores, passarão.

Geisa Alves
Enviado por Geisa Alves em 02/08/2024
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