Efemeridade
Etéreas flores, tantas, delicadas,
eclodem na paisagem matutina;
o cor-de-rosa pende das floradas,
numa fartura tal que nos fascina.
Renovam-se os ipês, e a audaz rotina
dá novo elã às frias alvoradas.
Na dúvida da noite, então, germina
toda a certeza de eras já passadas.
As flores incontáveis, às centenas,
silenciosas asas de falenas,
riscam em tons de rosa o céu e o chão.
E em sua morte lembram-nos que a vida
será memória cedo esmaecida
e os sonhos, feito as flores, passarão.