Além do adeus
Nunca te aflijas, mesmo que me vejas
despetalar nas brumas invernais.
Se as pétalas que voam são andejas,
são flor ainda, e ainda roseirais.
Perfume, espinho, folhas benfazejas
espalham-se nas sombras matinais.
Se ver-me além de flor, amor, desejas,
verás, da minha aurora, os muitos ais.
No teu jardim verás, além das portas,
rosas despetaladas, rosas mortas
e então te lembrarás dos versos meus.
Se morro ao me perder, por isso vivo,
sendo saudade e um verso redivivo,
ao desfolhar-me existo além do adeus.