Além do adeus

Nunca te aflijas, mesmo que me vejas

despetalar nas brumas invernais.

Se as pétalas que voam são andejas,

são flor ainda, e ainda roseirais.

Perfume, espinho, folhas benfazejas

espalham-se nas sombras matinais.

Se ver-me além de flor, amor, desejas,

verás, da minha aurora, os muitos ais.

No teu jardim verás, além das portas,

rosas despetaladas, rosas mortas

e então te lembrarás dos versos meus.

Se morro ao me perder, por isso vivo,

sendo saudade e um verso redivivo,

ao desfolhar-me existo além do adeus.

Geisa Alves
Enviado por Geisa Alves em 02/08/2024
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