Abutre
Meu urubu teve um fim trágico: atou
as asas numa lápide sombria
enquanto viu o azul que o desejou
desenhar sangue e o mar na pele fria.
Jogaram uma pedra que estourou
seu cérebro negrume que cumpria
a rotina e a carniça e o que sobrou
comer lástima e o céu naquele dia.
Foi-me embora essa criatura ruim
quanto o lixo dos homens na cabeça,
são pobres que vestem não só a mim,
mas a ignorância vil que se conheça.
Estouram a bondade que no fim
escorreu a pedra o sangue de marfim.