ROSA 285
Nasce e se põe o sol,
E o pobre tenta se segurar em alguma esperança,
No sorriso do filho, na promessa de mudança,
Enquanto sua vida se esvai em arrebol.
Busca sobreviver como o girassol,
Entrando sem saber na dança,
Vende a alma para manter a aliança,
E como o peixe, é fisgado no anzol.
Teima e morre sem entender o futebol,
De tanto trabalho e pouca finança,
Chora ao ver nos filhos a semelhança,
Matando os hormônios no etanol.
Recolhidos da realidade em caracol,
Mas inchados de tolice por trabalhar de sol a sol.