SE A SAUDADE SURGIR

Se a saudade surgir à luz do dia,

abrirei as janelas, pensativo,

olharei o horizonte, que é tão vivo,

que murmura e que quase acaricia.

 

Se a saudade surgir na tarde fria,

o meu gesto será indagativo:

a razão, o propósito, o motivo

de pensar, de repente, em poesia.

 

Se a saudade surgir na noite morta,

abrirei devagar a minha porta

para a rua deserta ao céu lilás.

 

E verei, despontando a madrugada,

uma vez mais o sol, a passarada…

E algum dia talvez me sinta em paz.