ACASO
Será o acaso quem costura as vidas
que vêm soltas, voando ao vento cego,
com jeito de quem diz: “aqui trafego,
junto a outras como eu descoloridas”?
Irá ele por ruas e avenidas
podendo levar cada tosco ego,
até com uso de bruto látego,
a locais onde não terá feridas?
Se leva ou conduz, será mesmo acaso?
E podemos supor como acidente
as cores que o céu mostra a cada ocaso?
Se a sorte é capaz de toda beleza,
se o azar mata a vida na semente,
nossa certeza é a pura incerteza?