"Como eu escrevo"
Autor: Valdir Loureiro
Versos: dodecassílabos
Estou em paz com o meu poema retocável
De interminável correção a cada olhar,
Que a perfeição não é da Terra: é de além-mar
Ou de além-túmulo, em dimensão inalcançável.
Faço n-vezes um só texto até poder
Empreender uma parcial conclusão,
Passível de emenda ou de continuação
Com acréscimo ou corte que eu, depois, venha a fazer.
Escrevo um novo poema, nesse ritual,
Sem chegar a uma conclusão pétrea final
Como é também um prédio sempre em acabamento.
Esse é o meu jeito de escrever na tentativa
De ser poeta em construção que sobreviva
Em meio às obras dos criadores de talento.