Psychopompus
(A J—a G—t P—a)
“Passei a noite a vê-la! Alma adorada
De minha mãe, há tantos anos morta…”
(Sousândrade, O GUESA, canto III)
Ao descobrir que a Morte se aproximava
Tive a derradeira – insólita visão
De minha falecida mãe. A aparição
Fantasmal ante meus olhos no ar pairava.
Sem dizer palavra ela me encarava;
Pena e pesar fundiam-se em sua expressão.
Três vezes quis, com saudades, beijar-lhe a mão –
Meu toque, porém, diáfana lhe trespassava.
Eis que, a suspirar, desmanchou-se então no ar –
E no último momento pude compreender
A mensagem daquele taciturno olhar…
Eu dentro em breve haveria de morrer
E mãe e filho, unidos, no mesmo lugar,
O Paraíso foi vedado receber…!