MARES ONÍRICOS
Zarpei à decisão, por entre pélagos revoltos,
De sinistras ondas turvas, soturnas e fatais,
Saindo do cais, confuso, em desatino, sinais
De ocasos ressentidos, por solitudes envolto.
Sigo ao relento, singrando mares profundos
Reconhecendo sargaços e pepitas subversas,
Libando, do céu a luz e emanações adversas,
Por via doura e vazia, qual solo mal-fecundo.
Aporto em penedos, quimeras de esperança,
evoco, entre candores, a duvidosa confiança,
que a fantasia vital me transfigure o fascínio.
Desperto meditativo, atido em pensamentos,
Abjurando temores às dores sem argumento,
desafiando, silente, da esperança o declínio.