ÚLTIMA ESTAÇÃO
ÚLTIMA ESTAÇÃO
Tu sabias, companheiro de jornada
Que não tem bolso ou gaveta no caixão?
Quando tu morreres, daqui levas nada
Mas ganhas verme na carne e escuridão
Para quem carrega no peito a presunção
E leva tudo na força-bruta da arrogância
O cemitério é a derradeira e triste estação
Onde se findam orgulho e toda relevância
Escreves no tecer do dia a dia a tua biografia
Teus feitos, sim, têm importância verdadeira
Vigor físico, bravura, bazófia, usura e valentia
Não assustam aquela que é a cruel ceifadeira
Enquanto rosnavas, xingavas e dentes rangia
Ela sorria da tua branca e descarnada caveira