Casa Mortuária
Soneto : Casa Mortuária
Apagada está a antiga fotografia
Na estante que a escura imagem comporta
Mas ainda lembro das cores que um dia
Embelezavam numa aparência que conforta
Recordo o luto que na casa se seguia
Ouvindo o soar do vento ao bater à porta
Cortava o ar numa densa melancolia
Como jamais uma lâmina corta
E eu no quarto a derramar agonia
Em lágrimas que eram rios de turbilhões
Ao travesseiro de manta centenária
Onde o pesadelo, aflito adormecia
Ouvindo o selar dos grandes caixões
Como se o porão fosse uma casa mortuária