Bomba relógio
Há uma bomba dentro do meu Eu,
Pronta pra explodir a qualquer hora!
E pra eviscerar, botar pra fora …
As crias que minh’alma já lambeu:
Um versinho, sem pai, que se diz meu;
Uma estrofe com rima assonante ;
O metro do soneto lactante,
Que deu à cria o leite que verteu;
Um nó de poesia desatado;
Uma pena, sem tinta, em bom estado;
Duas ou três metáforas banais...
Há também no meu Eu uma quimera,
Que cala a poesia e vocifera,
Até que não se possa ouvi-la mais.