ROSA 229
Eu, que nunca tive coleira nem dono,
andava e fazia meu próprio momento.
Garoto de rua, filho do abandono,
sempre louco, mais tempestade que vento.
Dom das vielas escuras, gato atento,
vencedor de mil guerras, digno do trono.
Na tua visão turbulenta, sou cachorro sarnento,
que no meu grito de rap tira o seu sono.
Agora, me vejo domado pelo sistema,
buscando o sustento, sem erva ou aguardente,
como a árvore que faz sombra para sua semente.
Quem me vê agora, lembra do meu anátema,
do ser sonhador, rebelde e imprudente,
mas que agora chora seus pobres problemas.