BRAÇOS

Abro os braços igual ao Cristo Jesus,

quando foi, por Pilatos, crucificado.

Os meus, para abraçar o ser amado,

os d'Ele, para serem presos na cruz!

Cruzo os braços, pois nada me seduz,

nada na vida causa-me agrado.

Pois, sou um sujeito sempre malogrado,

a caminhar nas trevas, longe da luz.

Abro os braços à espera de outros braços,

para um gostoso, portentoso abraço,

que me dê alento em toda minha vida.

Cerro os braços. O quê que abraço? — Vento.

É o que abraço hoje, em todo momento,

pois nunca, com ninguém, achei guarida.

Miguel de Souza
Enviado por Miguel de Souza em 14/07/2024
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