BRAÇOS
Abro os braços igual ao Cristo Jesus,
quando foi, por Pilatos, crucificado.
Os meus, para abraçar o ser amado,
os d'Ele, para serem presos na cruz!
Cruzo os braços, pois nada me seduz,
nada na vida causa-me agrado.
Pois, sou um sujeito sempre malogrado,
a caminhar nas trevas, longe da luz.
Abro os braços à espera de outros braços,
para um gostoso, portentoso abraço,
que me dê alento em toda minha vida.
Cerro os braços. O quê que abraço? — Vento.
É o que abraço hoje, em todo momento,
pois nunca, com ninguém, achei guarida.