O cálice e a dor
Um homem desesperado, impaciente,
Vive do tinto como se a dor perversa,
Atenuasse com uma simples conversa,
Entre ele e o cálice pouco consciente.
Se tornando para si inconveniente,
Num transe de fala trôpega e adversa,
E aquele que o ouve rogar, dispersa,
Sem perder a calma, sempre leniente.
Acha que o transe do álcool passageiro,
Anestesiará a mágoa mal resolvida,
Onde ele se fez por amor estrangeiro,
Largado no trem da vida sem destino,
Indo a lugar algum, sempre de partida,
Ele e sua dor, o vinho e o desatino.