DESTRUÍDO

Sou transportado ao que tem de mais sagrado,

Apoiado por boas almas, vivamente floresço,

Abduzido de modo arrebatador, sou entregue,

Sem controle de mim, entrementes adormeço.

Sou transtornado ao abrir mão desse controle,

Perco de mim, faço parte duma descoberta,

Perdido, relato às cegas, minha desesperança,

Como na rua extensa, abandonada e deserta.

Sou ovacionado por mim e ninguém mais,

Talvez o esquecimento até me valorize,

O terror que me cerca, desfigura o cenho.

Sou apunhalado sem dó por alguma adaga,

Ferido de morte cambaleio a passos curtos,

Mesmo desencantado de toda fé que tenho.

2.024