Se a pedra nada sente, se ela é rocha,

Se a pedra nada sente, se ela é rocha,

se ela é rocha e se eu sou homem que sente,

a quem tudo que move ri e debocha,

se ela é pedra e eu homem a quem se mente,

se a pedra a quem se chuta não se arrocha,

se eu homem a quem riem é carente,

se a pedra não sonhou que desabrocha,

mas eu homem sonhou, num sonho ardente,

então eu pego a pedra e lhe perscruto

(que a pedra nunca vai me escrutinar),

e pelo coração dela procuro.

A pedra não me fala ou vai falar;

mas, se eu fosse um traço mais arguto,

sabia: nunca pode a pedra amar.

09/07/2024

Malveira Cruz
Enviado por Malveira Cruz em 09/07/2024
Reeditado em 09/07/2024
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