SONETO DO ENIGMA DESECLIPSADO
Hoje me resta, pelo menos, a saudade;
Ontem, a ilusão de ter-te, era tudo que tinha.
A emoção e o sentimento é o que me invade,
E o desejo me enlouquece, a dor me definha.
Retida e sufocada, minha paixão externiza
Minha condição passiva e inepta, sem pudor,
E não indulgencia meu coração que agoniza
A carência descomedida e fatal de teu amor.
Se tua respiração minh'alma ventilasse,
Se tua saliva meu corpo refrescasse,
Meu destino não seria tão torto e roto.
E como enigma deseclipsado, astro ignoto,
Exporia ao mundo em verso, estrofe e rima
O plácido frenesi que minh’alma colima.