Fatasias de um Soneto Alexandrino
Nunha folha qualquer eu escrevo um versinho.
Duma rosa qualquer eu empresto o perfume.
Com seis ou sete peixes, eu tenho um cardume.
Sem o bico e as penas, virei passarinho.
Com a luz do Natal, ora sou vaga-lume.
Com as nuvens, eu faço o que me der na telha.
Numa rosa qualquer, eu cativo a belha.
Tiro o mel puro doce, como de costume.
De que cor pinto rosa, que brotou vermelha?
Põe da cor do pecado, meu estro aconselha!
Mas pecado tem cor? Eu pergunto pra Deus!
Ele então me responde: a cor do perdão.
Então deixei a rosa da cor do botão,
E lavei meus pecados na tinta dos seus.