Os órfãos

(À Sra. Stephanie Armelin)

“Eram dois órfãos inocentes, meigos,

De si tão infelizes e queridos,

Tão divinos na dor, no amor tão cegos

Quanto um do outro foram pressentidos…”

(Sousândrade, O GUESA, canto XIII)

Silêncio, por ora… Não tens que me dizer

Quem és, que queres, tampouco de teu passado:

Tão somente vem – sente-se cá a meu lado…

Já sei de ti o que necessito saber.

Fundo, bem fundo, em teu olhar consigo ver

Todo o pesar que em tua alma tens guardado;

Fundo… Tão fundo…! As páginas de teu fado

Tão claras, como em um livro, posso ler.

É tua tristeza idêntica à minha:

Andarilhos entregues à orfandade,

Unamos nossas mãos, querida irmãzinha!

Dividamos eu e tu a soledade

E, enquanto viverdes, não mais serás sozinha

Pois por nós dois zelará a Eternidade!

Galaktion Eshmakishvili
Enviado por Galaktion Eshmakishvili em 08/07/2024
Código do texto: T8102382
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