Os órfãos
(À Sra. Stephanie Armelin)
“Eram dois órfãos inocentes, meigos,
De si tão infelizes e queridos,
Tão divinos na dor, no amor tão cegos
Quanto um do outro foram pressentidos…”
(Sousândrade, O GUESA, canto XIII)
Silêncio, por ora… Não tens que me dizer
Quem és, que queres, tampouco de teu passado:
Tão somente vem – sente-se cá a meu lado…
Já sei de ti o que necessito saber.
Fundo, bem fundo, em teu olhar consigo ver
Todo o pesar que em tua alma tens guardado;
Fundo… Tão fundo…! As páginas de teu fado
Tão claras, como em um livro, posso ler.
É tua tristeza idêntica à minha:
Andarilhos entregues à orfandade,
Unamos nossas mãos, querida irmãzinha!
Dividamos eu e tu a soledade
E, enquanto viverdes, não mais serás sozinha
Pois por nós dois zelará a Eternidade!