SONETO A UM AMOR QUE SE FOI

Lílian Maial

 

 

O amor que achei que havia, enfim, chegado,

Não foi mais que ilusão de um peito aflito,

Carente e pelo amor apaixonado,

Disposto a silenciar o próprio grito.

 

Mas eis que, desse solo castigado,

Aflora um velho amor bem mais bonito:

Aquele que não briga c’o passado,

Que tenta apaziguar qualquer conflito.

 

Aquele amor que eu tive e que escorreu

Por entre os dedos da desconfiança,

Perdeu bem mais que eu, perdeu o chão.

 

Enquanto eu pranteava em meio ao breu,

Seguia firme a trilha da lembrança,

Contagiando a alma de perdão!