Licença Poética
A poesia é mesmo impertinente!
É capaz de zombar da língua culta,
Com um palavreado que insulta
Os donos do saber, frequentemente.
Desdenha da gramática, exulta
O erro escondido ou aparente.
E caga na cabeça dessa gente,
Que lhe tenta luzir a face oculta.
A poesia vive de licença,
Ainda que a barriga não convença,
Que guarde um soneto em gestação.
Ao mesmo tempo vive do trabalho
De costurar, na colcha, o retalho
Que falta pra cobrir todo o colchão.