Licença Poética

A poesia é mesmo impertinente!

É capaz de zombar da língua culta,

Com um palavreado que insulta

Os donos do saber, frequentemente.

 

Desdenha da gramática, exulta

O erro escondido ou aparente.

E caga na cabeça dessa gente,

Que lhe tenta luzir a face oculta.

 

A poesia vive de licença,

Ainda que a barriga não convença,

Que guarde um soneto em gestação.

 

Ao mesmo tempo vive do trabalho

De costurar, na colcha, o retalho

Que falta pra cobrir todo o colchão.

Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 05/07/2024
Código do texto: T8100674
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