Último poema
– É o último poema que te escrevo.
Infelizmente, agora, enfim, aceito...
Que o tempo não perdoa, nem espera!
E toda a nossa história, tão sincera,
Desfez-se no vazio, em vão preceito.
O sonho que nutrimos, já desfeito,
Perdeu-se na neblina da quimera...
E nosso amor de terna primavera,
Findou-se na lembrança, em ledo efeito.
Agora, sigo só, desiludido...
No palco em que a paixão se fez ausente,
Cativo de um passado já vivido.
Mas guardo em mim o fogo persistente,
Que, mesmo em dor, jamais se faz rendido
E revive em meu peito eternamente!