NOCTURNO

NOCTURNO

Eu saio para olhar a escuridão,

Que existe para além de meus caminhos.

A noite, embora fria e sem carinhos,

Me cobre o seu dossel de solidão.

Se meus olhos distantes de ilusão

Se perderam entre astros mais vizinhos,

O vento m’enregela em torvelinhos,

Uivando nos pinhais triste canção.

Eu sigo enmimesmado esses zumbidos

Indiferente a estrepes ou valetas

Que jazem entre as trevas escondidos.

E encontro, para além d’horas inquietas,

Uns lampejos de sonhos esquecidos,

Ao perder-me entre estrelas e planetas.

Lapinha da Serra - 15 06 2024