DUAS MULHERES
(Menção à canção UMAS E OUTRAS, de Chico Buarque)
Duas mulheres , destinos desiguais.
Na mesma calçada se cruzam um dia,
Uma vem vestida de Virgem Maria,
Por ofício, outras vestes não veste mais.
A outra, à noite labuta no cais.
Há muito não sabe o que é alegria.
Traz a roupa amassada pela orgia,
Que não consegue disfarçar o que faz.
Ao se cruzarem na mesma calçada,
Olham-se sem nenhum aceno, sem nada,
Tristeza. Único elo que as unia.
- Por que tanta reza? Não tinha pecado.
- Por que tanta dor, por ter amado um dia?
A si mesmas teriam se perguntado.