La belle dame sans merci

(A Beatriz Uchôa)

Fascinam-me todos os portentos do Mal:

Amo sentir a arder por meu corpo doente

Os mil eflúvios da peçonha da Serpente,

A contorcer-me em dor – e num prazer mortal.

Amo a centelha soturna do punhal

Que o assassino enterra, sorrateiramente,

No coração duma vítima inocente,

Saciando em sangue sua sede fatal.

Amo o sardônico, demoníaco esgar

Do Arqui-Herege, arauto da Rebelião,

Seu brado pelo cosmo ainda a retumbar –

E amo o gelo eterno em teu coração,

No palor de tuas mãos, no brilho do olhar

D’Aquela que é de minha insônia a obsessão!

Galaktion Eshmakishvili
Enviado por Galaktion Eshmakishvili em 01/07/2024
Código do texto: T8097651
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