SONETO DO AMOR DEMAIS

Tua imagem progride geometricamente em todas as direções,

Passas ao lado, atrás e em frente, como loucas alucinações,

Desenhando uma aquarela surrealista carregada de emoção,

Rabiscando volúpia, pintando hetera, em fatal sedução.

Corro perdido, com as mãos espalmadas, com os braços abertos,

Abraçando nada, beijando o vento, copulando ilusão: miragem.

E o teu nome tomando alma e corpo – paládios descobertos –,

Marca toda minha carne, cobre todo meu chão, como tatuagem.

Por tanto amar, discuti com Deus e banquei,

Nadei contra a maré, me tornei inimigo do rei,

Busquei remissão à loucura dobrando os joelhos.

Mas ergo minha face suada e meus olhos vermelhos

Para louvá-la em desespero, esvaindo-me em dor.

Só, tanto, apenas, tão, unicamente e tudo por amor.